REINALDO PIMENTA, ADMINISTROU O MUNICÍPIO DE CARAÚBAS EM SEIS PERÍODOS

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

REINALDO GOMES FERNANDES PIMENTA

 



Nasceu na antiga fazenda “Sabe Muito”, município de Caraúbas-RN, a 13/07/1863, filho do tenente Manoel Lúcio Fernandes e de Inocência Gaudêncio Fernandes. Casou-se em 16/1/1897, com Abigail Fernandes de 0liveira, filha do Dr. Manoel Antonio de 0liveira. Desse consórcio nasceram 14 filhos, criando-se somente nove, entre eles: Leovegildo Fernandes Pimenta, nascido em 9/11/1914 e falecido em 19/9/1969, prefeito de Caraúbas, eleito em 1948. Ingressou na política muito jovem, ajudando ao seu irmão Antonio Carlos Fernandes Pimenta (3/1/1857 – 25/3/1899) e apoiando os candidatos de seu tio, o coronel Luiz Manoel Fernandes, tornando-se uma grande liderança política do município de Caraúnas em 4 períodos: 1903-1904, 1905-1907,1908-1910, e 1911-1913, sempre assumindo em 1º de janeiro e governando até 31 de dezembro. Foi o primeiro prefeito de Caraúbas, eleito em 2/9/1928, tomando posse em 1º de janeiro de 1926 e governando até outubro de 1930, quando teve seu mandato interrompido devido a revolução de 1930. Foi nomeado Interventor Municipal, governando no período de 1936 a 1939, totalizando assim 6 períodos com prefeito de sua terra natal. Foi também deputado estadual em três legislaturas, assumindo em 1913, 1919 e 1925. Como parlamentar foi autor do Projeto de Lei que originou a Lei Estadual nº 372, de 30/11/1914, que elevou a Vila de Caraúbas a categoria de cidade. Seu neto de nome Guido Gurgel Pimenta (10/2/19430), filho de Leovegildo Fernandes, exerceu o cargo de prefeito, eleito em 15 de novembro de 1968. Reinaldo Pimenta, patrona de uma praça na cidade de Caraúbas, construída no ano de 1954, e reformada na atual administração do prefeito Eugênio Amorim. Faleceu em Caraúbas a 30/8/1941

FONTE – LIVRO CARAÚBAS, DE AGOSTINHO GOMES DE OLIVEIRA

REINALDO GOMES FERNANDES PIMENTA

 


REINALDO GOMES FERNANDES PIMENTA
 nasceu na antiga fazenda "Sabe-Muito", berço de filhos ilustres do município de Caraúbas e do Estado, no dia 13 de julho de 1863. O seu pai era o Tenente da Quarta Companhia das Guardas Nacionais, Manoel Lúcio Fernandes e a mãe D. Inocência Gaudêncio Fernandes. 

 

No começo da década de 1880, seguiu para a cidade de Natal, em companhia de seu irmão Antônio Carlos Fernandes Pimenta que havia sido eleito pelo 2º Distrito Deputado à Assembleia Provincial no biênio 1882-1883. É reeleito para os biênios 1884-1885 e 1886-1887. Em Natal, ingressou no velho Atheneu, onde estudou dois anos, empregando-se depois, por influência do seu aludido irmão, como amanuense da Secretaria do Governo Provincial. 

 

A sua permanência neste cargo não foi demorada, pois já em princípios da outra década, 1890, se encontrava novamente na casa paterna, no "Sabe-Muito", tentando a vida nos labores do campo e do comércio. A esse tempo o fato mais importante de sua vida foi o seu casamento, no dia 16 de janeiro de 1897, com D. Abigail Fernandes de Oliveira, filha do Dr. Manoel Antônio de Oliveira. Desse consórcio nasceram quatorze(14) filhos, criando-se somente nove, pois cinco morreram nos primeiros meses. 

 

Com a sua vocação inata para a vida pública, começou cedo a tomar parte nos assuntos políticos de seu município, ao lado de seu tio Coronel Luiz Manoel e de seu primo Cesário Fernandes, então chefe político de Caraúbas e Deputado Estadual. Em 1910, morre Cesário, no esplendor de seu prestígio político. As forças partidárias dominantes no município, por consenso unânime, escolheram Reinaldo Pimenta, que já era o 1º lugar-tenente de Cesário, para seu substituto na chefia da política local. Neste posto, Reinaldo se manteve, desfrutando indiscutivelmente prestígio no Município e no Estado, até a Revolução de 1930, que pela força atirou-o no ostracismo, embora poupando-o aos vexames impostos a outros políticos decaídos. É que os outros dominadores do município, na sua grande maioria, haviam sido seus discípulos políticos e não esqueceram as lições e exemplos recebidos de harmonia, tolerância e paz. 

 

Em 1913, houve a grande campanha política pela sucessão ao Governo do Estado, disputado pelo Senador Ferreira Chaves e Tenente Leônidas da Fonseca, filho do então Presidente da República e a cujo serviço o Capitão José da Penha colocou as forças da sua bravura e da sua inteligência. Reinaldo com seus amigos deram imensa vitória ao Senador Ferreira Chaves  e ele, por sua vez, saiu eleito Deputado Estadual para o triênio 1913-1915. Nesta legislatura, para a qual fora eleito deputado pela primeira vez, conseguiu elevar Caraúbas de Vila a Cidade pela Lei. 372, de 30 de novembro de 1914. Antes já fora Presidente da Intendência nas legislaturas de 1903 a 1913(Revista do Instituto Histórico, Vols. 1930-1931, pg. 1320).

 

Em 1919, surge nova renhida campanha pela sucessão do Governador Ferreira Chaves e pela renovação da Intendência Municipal. Nas duas eleições, as chapas apoiadas pelo Partido de Reinaldo Pimenta obtiveram espetacular vitória e ele, pela segunda vez é eleito deputado estadual para a legislatura 1919-1921. Nesta sua segunda permanência no Congresso do Estado, conseguiu para Caraúbas a criação de uma Coletoria de Rendas Estaduais, instalada e posta em funcionamento no ano de 1920. 

 

Em princípios de 1924, organizou um movimento para a criação de uma Coletoria de Rendas Federais, em Caraúbas, elaborando um memorial dirigido ao Ministro da Fazenda, provando a justiça da pretensão. O apelo, mau grado a descrença de muitos e até o riso zombeteiro de alguns, foi atendido e no mês de agosto daquele ano, com festas, músicas e discursos, foi inaugurada a Coletoria. Durante a sua chefia política foram instalados, em Caraúbas, vários serviços do Governo Federal, como a estação da Estrada de Ferro de Mossoró a Souza(PB), em setembro de 1929, serviços públicos em favor dos quais empregou todo o seu prestígio junto aos poderes competentes. 

 

O Mercado Público da cidade, inaugurado em 1918, é obra do seu esforço e coragem, pois teve de enfrentar agitada onda de interesses contrariados. 

 

No ano de 1925, foi novamente eleito deputado estadual para completar o triênio 1924-1926. 

 

Com a reforma da nova Constituição Política do Estado, promulgada no dia 24 de agosto de 1926, foi criado na administração municipal o cargo de Prefeito, função de natureza executiva até então exercida pelos Presidentes de Intendências. Realizando-se as eleições para este cargo em setembro de 1928, conforme os arts. 83 e 1º das Disposições Transitórias  da mesma Constituição, foi Reinaldo eleito primeiro Prefeito Constitucional do município para o triênio 1929-1931. Empossando-se neste cargo, ofereceu à sua terra as energias de que não dispunha, não obstante a sua já avançada idade e precário estado de saúde. Foi neste seu período administrativo que a cidade recebeu o serviço da iluminação elétrica, da limpeza pública das ruas e praças, os primeiros trabalhos de abertura e conservação de estradas carroçáveis, tudo isso feito com verbas atuais. E no meio destas múltiplas atividades, ainda foram sobre os seus ombros que se jogaram os trabalhos da remodelação completa da Matriz(Altar-Mór, teto e piso), num apelo que lhe fizera o Vigário da Freguesia, Padre Benedito Alves e o membro principal da Comissão dos Serviços, Cel. Rosendo Fernandes. 

 

Devido sem dúvida a sua idade, saúde arruinada e excesso de trabalhos, em meados de 1930, Reinaldo sentiu-se na impossibilidade momentânea de continuar empunhando as rédias da administração municipal. Requereu a Intendência uma licença de seis meses e no dia 1º de julho passou o exercício do cargo ao seu substituto legal, Cel. Jonas Gurgel, Presidente da Intendência. Foi no gozo desta licença que o alcançou a Revolução de outubro daquele ano, arrebatando-lhe a direção política do município, exercida durante vinte anos pelo consenso da maioria maciça dos caraubenses. 

 

Recolheu-se inteiramente a vida privada até os primeiros momentos de reconstitucionalização do País. Era seu desejo, sempre revelado à família e aos íntimos, não mais voltar à atividade política. Todavia, por lealdade aos amigos nas horas da adversidade, ainda participou de alguns embates, não mais na linha da frente, como sempre o fizera, pois a sua saúde a tanto não permitia. Voltando o Estado ao regime constitucional, com a eleição do Dr. Rafael Fernandes Gurjão para seu Governador, por apelos insistentes deste seu velho amigo ainda aceitou a nomeação de Prefeito de Caraúbas, em 1936. Neste cargo, porém não demorou mais de seis meses, pois com as naturais preocupações do seu desempenho, a saúde de Reinaldo agravou-se, o que deu motivo aos seus reiterados pedidos de demissão, atendidos constrangidamente pelo Governador, conforme telegrama que lhe dirigiu. O  Órgão Oficial do Estado - A República - noticiando o seu afastamento da vida pública estampou honoríssimo comentário a seu respeito, num estilo elegante que traia a pena de seu Diretor, Dr. Eloy de Souza, velho amigo de Reinaldo. 

 

Ninguém pense, porém, que afastado da vida pública Reinaldo esquecesse o progresso de Caraúbas. Dispondo de regulares recursos financeiros, começou a enriquecer o patrimônio urbanístico da cidade, comprando, remodelando e construindo casas, a ponto de no seu inventário, em 1941, serem arroladas mais de sessenta construções só na cidade. 

 

O que porém mais distinguiu o espírito público  de Reinaldo Pimenta foi a sua tolerância e compreensão humana, procurando resolver todos os casos com harmonia e cordura, de sorte que ninguém se sentisse diminuído ou humilhado. Era uma espécie daqueles homens bons do tempo da Colônia, que viviam apagando incêndios. Em Caraúbas ainda existem muitas testemunhas que presenciaram Reinaldo resolver questões de terra e de outra natureza, tirando de sua carteira e pagando de suas economias indenizações que litigantes caturras cobravam de outros, fazendo isto com a única intensão de ver a paz do seu povo. Nas campanhas políticas, por mais extremadas que fossem passada a refrega, esquecia as ofensas recebidas e num gesto largo oferecia a mão aos adversários, muitos dos quais eram por ele amparados com empregos e outros benefícios, quando ainda quentes as cinzas da luta. Não era capaz de guardas ódios. 

 

Na madrugada do dia 30 de agosto de 1941, ao terminar a recitação do Ofício de Nossa Senhora, sucumbe ainda na cama, vitima de um derrame cerebral. A notícia espalha-se rapidamente pela cidade e a casa tornou-se o ponto de uma verdadeira romaria. À tarde, o seu corpo foi conduzido ao cemitério local por uma multidão de duas mil pessoas, presente o mundo oficial local, pessoas de outros municípios, formadas as escolas públicas da cidade e tocando a Banda de Música marchas fúnebres. Ao baixar o corpo à derradeira morada, falou, em nome dos amigos o Professor Lourenço Gurgel de Oliveira. A Edilidade Caraubense decretou feriado municipal a data de sua morte. 

 

Como se viu pelo esboço biográfico aqui escritor, foi Reinaldo Pimenta um filho que honrou Caraúbas e cuja vida pode e deve servir de exemplo às gerações presentes e futuras. 

 

 

FONTE: Caraúbas Centenária, de Raimundo Soares de Brito. Segunda Edição. 1959 - 1999. Fundação Vingt-Un Rosado. Coleção Mossoroense. Série: C - Nº 1062. 1999

 

 

*FRANCISCO VERÍSSIMO - BLOG FATOS DE CARAÚBAS - PORTAL FATOS DO RN

REINALDO GOMES FERNANDES PIMENTA

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